Vithoria SampaioGD
Vítimas da vulnerabilidade social, desempregadas e sem renda, mulheres formam filas às 3h da manhã para receber doaçao de ossinhos, que "reforçam" alimentação. A necessidade de garantir refeições à família as motiva a esperar pelo donativo.
Nas vésperas de festas de fim de ano, muitas das chefes de família ainda não sabem como realizarão as ceias. O desejo delas é que doações sejam ao menos intensificadas neste período, visto que só conseguem garantir 1 kg de ossinhos duas vezes na semana, segunda e quinta-feira, quando o açougue realiza as doações.
A dona de casa Maria Helena, 70, moradora do bairro Ouro Fino, se desloca frequenta a fila do ossinho há 2 anos. Sem ter renda mensal, pois não conseguiu aposentar, a doação é essencial. A família é mantida pela aposentadoria do marido, que destina grande parte da pagamento para compra de remédios.
"Venho há dois anos. Aqui ajuda demais a gente que não tem renda. Meu esposo tem problema no coração e o dinheiro que temos é para comprar a sua medicação, então vir aqui ajuda a garantir a nossa alimentação", explicou.
Há quase 10 anos, o açougue Atacadão da Carne faz as doações. Contudo, a demanda aumentou muito durante a pandemia de covid-19. A entrega é feita por funcionários sempre no primeiro horário da manhã, antes de o estabelecimento ser aberto. Como são muitas pessoas em busca de conseguir a doação e não há quantidade para todos, as filas começam a ser formadas durante a madrugada.
Desempregada, Fátima Regina Ferreira,54, garante suas refeições com ossinhos. Para receber a doação, ela chega às 3h para não correr o risco de ficar sem. Ela fez um apelo para que doadores se juntem a proprietária do açougue para que todos que estejam na fila consigam.
"Venho aqui duas vezes na semana. Chego bem cedo para conseguir garantir a doação, visto que é muita gente e nem sempre todos que estão na fila conseguem receber. Gostaria que mais pessoas ajudassem para que todos fossem beneficiados", pontuou.
Moradora do CPA há 40 anos, dona Eva Marline da Silva Lopes, 62, recebe os ossinhos desde o início da ação solidária. Ela explicou que, com variadas receitas, o alimento rende e "fica uma maravilha".
"Moro com meus dois filhos e venho para fila receber os ossinhos desde o início quando nem era conhecido, faço eles com mandioca, sopa e fica uma maravilha, rende e nos ajuda dando um alívio".
A fila do ossinho é uma triste realidade de Cuiabá que ganhou repercussão nacional, visto que o estado é um grande produtor de alimentos. Contudo, as filas e a fome estão em várias cidades, com presença de mulheres e idosos, principalemente, contando com o donativo para ter comida à mesa.