CONTEÚDO G1
O governo federal assinou, nesta segunda-feira (7), um acordo de cooperação com a China para desenvolver estudos técnicos sobre a construção de uma ferrovia transcontinental que ligaria o porto de Ilhéus, na Bahia, ao porto de Chancay, no Peru. A linha ferroviária cruzaria o Brasil de leste a oeste, passando diretamente por Mato Grosso, que desponta como um dos estados-chave do projeto. O trajeto da ferrovia que cruzará o país começa no porto de Chancay, no Peru, passando pelas capitais do Acre, Rio Branco, e de Rondônia, Porto Velho.
Em Mato Grosso, a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) vai passar por um importante ponto de escoamento de grãos do Brasil e do mundo: Lucas do Rio Verde (a 333 km de Cuiabá), ligando-se até a cidade de Mara Rosa, em Goiás, com destino final ao porto de Ilhéus. No momento, as obras no estado estão concentradas na cidade de Água Boa (a 640 km de Cuiabá), que também é um importante polo no escoamento de grãos do Vale do Araguaia.
O objetivo da nova ferrovia é facilitar e baratear o escoamento de produtos brasileiros, principalmente do agronegócio, para a Ásia — com destaque para a China, maior parceiro comercial do Brasil.
MT NO CENTRO
Segundo o Ministério dos Transportes, a proposta prevê que a ferrovia atravesse cinco estados brasileiros: Bahia, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, até cruzar a fronteira com o Peru. Em Mato Grosso, a linha deve cortar o município de Lucas do Rio Verde, um dos maiores polos agrícolas do país, e região estratégica para a produção de grãos e proteínas.
A inclusão de Mato Grosso no traçado reforça a importância do estado como motor da economia nacional e centro logístico para o agronegócio. Caso o projeto se concretize, produtores mato-grossenses ganharão uma nova rota de exportação com acesso direto ao Oceano Pacífico, reduzindo distâncias e custos logísticos atualmente concentrados nos portos do Sudeste e Sul do Brasil.
IMPACTOS
Projeções iniciais apontam que a nova ferrovia poderia reduzir de 40 para 28 dias o tempo de transporte de mercadorias entre o Brasil e a Ásia, encurtando caminhos e aumentando a competitividade brasileira no mercado internacional. Para Mato Grosso, maior exportador de soja e milho do país, essa conexão ferroviária com o Pacífico representaria um avanço logístico inédito, com ganhos expressivos de tempo e economia no escoamento da produção.
Além disso, o projeto prevê o uso de diferentes modais de transporte (ferrovias, rodovias e hidrovias) de forma integrada e sustentável, algo que pode beneficiar as cadeias produtivas de Mato Grosso e melhorar a infraestrutura regional.
PRÓXIMOS PASSOS
O acordo assinado entre a Infra S.A. e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Econômico China Railway marca o início de uma nova etapa de estudos sobre viabilidade técnica, econômica e ambiental. O documento tem validade inicial de cinco anos, com possibilidade de prorrogação, e prevê cooperação entre Brasil e China para estruturar o projeto.
Em 2015 e 2016, uma proposta semelhante foi estudada, mas não avançou. Agora, o governo brasileiro avalia que há mais maturidade técnica e ambiente político favorável para levar a ferrovia adiante.
Os estudos ainda não têm prazo para conclusão, nem o início das obras foi definido. Qualquer avanço dependerá também de negociações com o governo do Peru, que inaugurou recentemente o porto de Chancay com financiamento chinês.
Para Mato Grosso, este projeto pode representar a abertura de uma nova era para o agronegócio e para a economia local, consolidando o estado como eixo logístico fundamental entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Clique aqui e entre no grupo do WhatsApp do Agitos Mutum
Tem uma denúncia ou sugestão de reportagem?
Fale diretamente com a nossa redação:
Clique aqui para entrar em contato
Siga o Agitos Mutum nas redes sociais: