Aparecido do Carmo/Repórter MT
Entre os anos de 2013 e 2023, quase metade das mortes registradas em acidentes de trânsito em Mato Grosso envolveram motociclistas. De acordo com o Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA), esse número é de 43,7%.
O estado também aparece em terceiro lugar no ranking nacional com maior número de acidentes de trânsito no Brasil, atrás apenas de Tocantins e Piauí. Os números apontam aumento de mais de dez vezes na mortalidade causada por acidentes envolvendo motocicletas nesse período levando em consideração o cenário nacional.
De acordo com o relatório, o usuário de motocicleta é a maior vítima de acidentes de trânsito no Brasil. Entre os fatores que podem explicar esse fenômeno estão a educação para o trânsito, a qualidade das estradas e vias públicas e a capacidade de fazer cumprir o que diz respeito à lei de trânsito.
Em Mato Grosso, foram 11.991 mortes em trânsito em dez anos, uma alta de 4,6% se comparado com a década anterior. Desse total, foram 4.834 mortes envolvendo motocicletas, número 26,1% maior que na década anterior.
“A motocicleta é um veículo que não oferece qualquer tipo de segurança aos seus ocupantes. E aí, no caso de qualquer sinistro, a probabilidade de lesividade e letalidade são extremamente altas”, disse o delegado Christian Alessandro Cabral, titular da Delegacia Especializada de Trânsito (Deletran) de Cuiabá no mês passado, antes da divulgação do Atlas.
Dos acidentes com mortes registrados até a data da entrevista, conforme o delegado, 70% tinham o envolvimento de motociclistas.
“O fator determinante que leva aos sinistros com letalidade está ligado ao excesso de velocidade. No trânsito a equação é muito simples: quanto maior a velocidade, maiores serão as lesividades e letalidades em caso de sinistro”, explicou.
“Então quando o condutor respeita a velocidade regulamentar estabelecida pela via, no caso de se envolver em sinistro de trânsito, a probabilidade de ele ter alta lesividade ou letalidade é muito baixa. Agora, quando ele desrespeita esse limite, está sujeito a ter uma maior lesividade e letalidade. Nos casos de alta velocidade, a letalidade é quase que uma consequência natural desses sinistros”, acrescentou o delegado.