EXTRA GLOBO
Pesquisadores na China anunciaram na quinta-feira um nascimento "há muito tempo aguardado", compartilhando imagens de um macaco de cauda longa (Macaca fascicularis) cujas células são feitas de um embrião injetado com outras células geneticamente distintas. Assim, o animal quimérico nasceu com dedos e olhos verdes brilhantes.
Parece uma cena extraída de um filme de terror, mas, segundo os seus criadores, representa "um grande avanço científico".
Na mitologia grega, uma quimera é um monstro feminino que cospe fogo, semelhante a um leão na frente, uma cabra no meio e um dragão atrás. Na ciência, uma "quimera" animal é um organismo único composto de células que derivam de mais do que apenas dois pais.
Este não é o primeiro macaco vivo do mundo formado artificialmente a partir da fusão de múltiplos óvulos fertilizados, mas foi o mais misto – ou quimérico – de todos, segundo investigadores na China e no Reino Unido.
Células-tronco modificadas para brilharem em verde foram injetadas em vários embriões de mórula para ajudar a identificar se as células adicionais se multiplicariam ou não. A mórula é um aglomerado de células formadas no início do desenvolvimento embrionário, que ocorre após a fecundação, processo em que óvulo e espermatozoide se fundem para gerar uma nova vida.
A contribuição das células-tronco em diferentes tipos de tecidos varia de 21% a 92%, disse a equipe chinesa que liderou a iniciativa científica inédita.
Os pesquisadores há muito tentam o processo em primatas, tendo anteriormente criado quimeras em ratos e camundongos. Em 2012, os cientistas criaram três macacos rhesus que eram tecnicamente quimeras, mas os embriões foram criados na fase totipotente anterior, onde as células podem evoluir para qualquer coisa, incluindo a placenta.
O estudo, publicado na revista "Cell", utilizou células pluripotentes de estágio posterior, o que significa que têm a capacidade de se diferenciar em todos os tipos de células necessárias para criar um animal vivo.