Vinicius Mendes/Gazeta Digital
Durante a sessão da Câmara Municipal de Cuiabá de quinta-feira (23), vereadores utilizaram a tribuna para criticar a decisão da Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que converteu a prisão preventiva de Carlinhos Bezerra em prisão domiciliar. Eles afirmaram que a soltura ofende a população e a vereadora Maysa Leão (Republicanos) pontuou que "se ele não fosse rico ou filho de alguém importante", não teria sido beneficiado.
Eduardo Magalhães (Republicanos) foi o primeiro, na sessão, a comentar o caso. Ele citou trechos da decisão, criticando principalmente os pontos que dizem que Bezerra cometeu um “ato isolado”, “que não se mostra passível de repetição” e que tem “particularidades de relacionamento amoroso”.
“Um ato pontual, matar duas pessoas [...] nós não podemos deixar isso cair no esquecimento. ‘Um fato isolado’, executou duas pessoas em plena luz do dia [...] ‘com particularidades de relacionamento amoroso’, só faltou escrever aqui que a culpa foi da vítima, só faltou falar ‘se não tivesse terminado com ele, não tinha morrido’ [...] diz que ele não oferece risco à sociedade, matou duas pessoas... quero aqui parabenizar o Ministério Público que tomou a decisão de recorrer desta decisão”.
A vereadora Maysa Leão destacou que o crime foi premeditado e disse que esta decisão “é uma vergonha”.
“É importante dizer que o senhor Carlos Alberto premeditou, ficou de tocaia, assassinou um homem que ele não conhecia e cometeu feminicídio a uma mulher que julgava ser sua propriedade, é um criminoso de alta periculosidade, [...] na cidade que é campeã de feminicídios esta é a reposta que foi dada. Se este homem não fosse filho de quem é, ele estaria esquecido na cadeia”.
O vereador Dilemário Alencar (Podemos) também elogiou o Ministério Público, por já ter confirmado que irá recorrer da decisão.
“De fato a gente não consegue entender determinadas situações onde notadamente a população reprova comportamentos como o que aconteceu com este cidadão, que matou friamente o casal, é difícil compreender algumas decisões do Poder Judiciário [...] espero que o Ministério Público possa contornar, reverter, porque a população de Cuiabá está muito chocada com esta situação”.
Por fim, o vereador Rogério Varanda (MDB) também criticou o que considera um privilégio concedido a Bezerra e disse que também espera que o Ministério Público consiga reverter a decisão.
"Decisão judicial de colocar um cidadão que tirou a vida de 2 pessoas... voltando para casa, ficando numa fazendo porque tem pressão alta e diabetes. Desnecessário o que a Justiça fez, se for ter que tirar todos presos que tem pressão alta e diabetes os presídios vão esvaziar [...] isso foi a mesma coisa que dar um tapa na cara do povo, muito triste com este fato, de ver algo assim, uma falta de respeito com a nossa população”.
O caso
O casal Thays Machado e Willian Cesar Moreno esperava um motorista de aplicativo em frente ao Edifício Solar Monet, no Alvorada, quando foram baleados pelo filho do deputado Carlos Bezerra, Carlos Alberto Bezerra, 57. Cada um recebeu 3 tiros e morreu ainda no local.
O acusado foi preso horas depois do crime, em Campo Verde (131 km ao Sul) e confessou o crime em depoimento à Polícia Civil.
Bezerra foi solto para que pudesse cuidar de sua saúde. Foi confirmado nesta semana pelo Ministério Público que um recurso será ajuizado contra decisão da Segunda Câmara Criminal do TJMT.