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GERAL Domingo, 03 de Agosto de 2025, 22:50 - A | A

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GERAL / DOBRO DA MÉDIA NACIONAL

Defensoria alerta para feminicídios em Mato Grosso: “Violência anunciada”

Mesmo com leve queda no número de assassinatos de mulheres, estado registra taxa quase duas vezes maior que a média nacional; defensora cobra políticas públicas contínuas

Redação/Site Agitos Mutum



No mês do aniversário da Lei Maria da Penha e se intensificam ações de enfrentamento à violência contra a mulher, o estado de Mato Grosso enfrenta uma triste realidade: é o primeiro colocado no ranking nacional de feminicídios, conforme aponta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025. Segundo os dados, a taxa estadual é de 2,5 casos para cada 100 mil habitantes — quase o dobro da média nacional, que é de 1,4.

Embora tenha havido uma pequena redução no número absoluto de assassinatos em relação a 2023 — de 103 para 100 — o estado ainda ocupa a liderança desse tipo de crime. A defensora pública Rosana Leite, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPE-MT), alerta para a gravidade do cenário.

“Vejo com muita tristeza esse resultado, já que atuo no enfrentamento à violência contra as mulheres desde fevereiro de 2011. Tivemos em Mato Grosso vários anos onde a violência contra as mulheres externou dados lamentáveis: 2012, 2021, 2022, 2023 e 2024. Sempre é dolorida a realidade para nós, meninas e mulheres, que crescemos envoltas a tantas violências pela condição de gênero. Tenho a plena certeza de que o patriarcalismo, que é alimentado pelo machismo estrutural e pela cultura do estupro, ainda é o responsável por tanta violência. A violência contra as mulheres é uma questão, e como tal, precisa ser discutida em todos os lugares. Os feminicídios são delitos que podem ser evitados, pois são anunciados. A violência contra as mulheres não é de responsabilidade da família e nem da vítima enfrentar, mas, sim, do Poder Público. Por essa razão precisamos combater a violência contra as mulheres, externando que qualquer forma de desrespeito pode desaguar em uma violência maior ou em um feminicídio”, afirma Rosana Leite.

Criado em 2014, o Nudem atua no acolhimento jurídico e psicossocial de mulheres vítimas de violência, uma das principais bandeiras da Defensoria Pública. No mês do **Agosto Lilás**, a campanha ganha força com ações de conscientização e articulação entre instituições públicas. A defensora ressalta, no entanto, que essas ações não podem se limitar a datas simbólicas.

“Não temos políticas públicas homogêneas no Brasil no que diz respeito ao enfrentamento à violência contra as mulheres. Cada estado atua de uma forma, não sendo uma constância nacional as ações. É preciso pensar no tema não somente em período eleitoreiro, mas constantemente, como uma tarefa a se cumprir com afinco todos os dias. É preciso investimento nos Poderes e instituições que fazem parte da rede de proteção às mulheres. É preciso que se cumpram todas as normas que fazem parte do arcabouço dos direitos humanos das mulheres, não somente pelo sistema de Justiça, mas por todo o Poder Público”, diz a defensora.

Durante entrevista no podcast da DPE-MT, *“Xô, Juridiquês!”*, Rosana Leite e a defensora pública-geral Luziane Castro abordaram os desafios da Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, formada por órgãos de segurança, saúde, justiça e assistência social. A coordenadora do Nudem enfatizou a necessidade de articulação entre os serviços:

“Somos referência no Sistema de Justiça. Mato Grosso foi o primeiro estado a aplicar a Lei Maria da Penha. Mas, precisamos que o poder público, que toda a rede atue em conjunto. Essa institucionalização do atendimento da mulher em rede é muito importante”, pontuou Rosana.

A campanha **Agosto Lilás** foi criada para promover a conscientização e o enfrentamento à violência de gênero, reforçando que a proteção das mulheres exige mais do que leis: é preciso transformar a cultura, investir em políticas públicas e garantir a atuação efetiva das instituições.

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