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Polícia Sábado, 15 de Novembro de 2025, 09:34 - A | A

15 de Novembro de 2025, 09h:34 - A | A

Polícia / Só perde para pandemia em 2020

Feminicídio sobe e bate recorde dos últimos 5 anos em MT

Vithoria Sampaio/Gazeta Digital



Mato Grosso ostenta o título de campão em mortes de mulheres e a situação só piora. Na segunda semana de novembro, o número de feminicídios ultrapassou o total registrado em 2024 e já é o mais letal para a população feminina dos últimos 5 anos, com 49 crimes registrados até a quinta-feira (13). Os dados são do Observatório Caliandra, do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), que é atualizado conforme o recebimento da acusação formam da Polícia Civil. 

Conforme o levantamento, o ápice da violência ocorreu em junho, que sozinho contabilizou o assassinato de 10 mulheres. Os números de 2025 ficam atrás apenas de 2020, ano de pandemia, quando 62 feminicídios foram registrados. Os municípios com mais ocorrências são Sinop, Cuiabá, Várzea Grande e Lucas do Rio Verde.

 

Investigações realizadas pela Polícia Civil e encaminhados ao MP mostram que a maior parte dos crimes acontece no período noturno, às quintas-feiras, dentro da residência do casal. As vítimas estão, em sua maioria, na faixa etária de 25 a 29 anos. Os principais motivadores continuam sendo ciúmes, sentimento de posse e a não aceitação do fim do relacionamento.

Em entrevista, a delegada da Polícia Civil Judá Marcondes explicou que o aumento dos casos não está ligado à ausência de políticas públicas, mas sim às dinâmicas sociais que sustentam a violência de gênero, como menosprezo ao feminino, domínio, sentimento de posse e comportamentos agressivos que se camuflam sob discurso da proteção.

“Hoje temos campanhas educativas, canais de denúncia e a própria Lei Maria da Penha, tornando o sistema mais acessível. As mulheres estão mais encorajadas a buscar ajuda e isso é positivo. Mas o feminicídio é o extremo de um ciclo contínuo de violência. Ainda convivemos com uma cultura que legitima a posse, o ciúme e o domínio masculino como se fossem demonstrações de afeto”, pontuou.

Mas, segundo a delegada, os casos de feminicídio geralmente ocorrem quando a vítima não buscou ajuda ou interrompeu o pedido de proteção, muitas vezes por medo, dependência emocional ou financeira. “Em torno de 80% das medidas protetivas são respeitadas, o que confirma sua eficácia. Porém, o feminicídio que representa a face mais extrema da violência muitas vezes ocorre justamente nos casos em que a vítima não procurou o Estado, ou onde houve interrupção da proteção por medo, dependência emocional ou econômica”, finalizou.

De acordo com dados da Coordenadoria de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, liderada pela delegada Mariell Antonini, em 2024 foram solicitadas 17.910 medidas protetivas em todo o estado, o que mostra que mais mulheres estão acessando a rede de amparo. Até a primeira quinzena de novembro de 2025, 15.810 vítimas estavam sob proteção em Mato Grosso.

Atualmente, Mato Grosso conta com 9 Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher e 28 Núcleos de Atendimento, com meta de expansão para 46 unidades. A vítima que precisar de ajuda, deve imediatamente procurar a Delegacia da Mulher mais próxima ou ligar 190 para acionar a Polícia Militar.

Além disso, é possível denunciar pelo Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou usar o Botão do Pânico, disponível no aplicativo MT Cidadão, que aciona socorro imediato em casos de ameaça. A denúncia pode ser feita de forma anônima.  

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