GABRIEL BARBOSA Da Redação
A morte da arquiteta, urbanista e mestranda Larissa Pompermayer Ramos, de 29 anos, ocorrida nesta terça-feira (18), desencadeou forte comoção e mobilizou moradores de Campo Novo do Parecis (a 401 KM de Cuiabá) em atos silenciosos de protesto por esclarecimentos sobre o atendimento prestado à jovem no Hospital Municipal, administrado pelo Instituto São Lucas. O bebê, uma menina, sobreviveu ao parto.
Segundo relatos de familiares, Larissa enfrentava complicações desde o parto cesariano realizado em outubro. Ela desenvolveu uma infecção grave, chegou a apresentar melhora parcial, mas sofreu sucessivas paradas cardiorrespiratórias antes de falecer. A família afirma que houve demora na tomada de decisões médicas e falhas na condução do caso.
DENUNCIA DE FALHAS
Assim que a morte foi confirmada, amigos, parentes e moradores organizaram uma manifestação pacífica em frente ao Hospital Municipal. Vestidos de preto e segurando cartazes, os participantes pediram justiça por Larissa e criticaram o que consideram um histórico de problemas estruturais e administrativos na saúde do município.
Influenciadores locais, como Carequinha, reforçaram denúncias sobre demora no atendimento e suposta negligência. As críticas também recaem sobre a terceirização da gestão hospitalar, apontada por moradores como responsável por uma piora na qualidade dos serviços.
MÉDICO AFASTADO
Diante da repercussão, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou o afastamento do médico que atendeu a arquiteta. Uma investigação administrativa foi instaurada para apurar se houve erro ou negligência no atendimento.
A secretária de Saúde, Cleide Anzil, informou que o procedimento não tem prazo definido, mas prometeu transparência. O prefeito Edilson Piaia decretou luto oficial de três dias e afirmou que acompanhará o caso de perto.
A população, porém, cobra celeridade e fiscalização rigorosa do contrato de gestão do hospital. Vereadores também são pressionados a verificar se os recursos repassados ao Instituto São Lucas estão sendo utilizados de forma adequada.
TRAJETÓRIA
Natural de Vilhena (RO) e radicada em Campo Novo, Larissa era conhecida pela forte atuação política e acadêmica. Militante do Partido dos Trabalhadores (PT), integrava movimentos feministas, estudantis e de defesa da educação pública. Foi diretora da União Estadual dos Estudantes (UEE-MT) e recentemente recebeu moção de aplausos na Assembleia Legislativa por sua contribuição ao movimento estudantil.
Pesquisadora do Grupo GepGênero, da Universidade Federal de Rondônia, Larissa dedicava-se a estudos sobre maternidade e questões de gênero. Publicações feitas antes da internação mostram reflexões sobre sua jornada pessoal, sua trajetória na arquitetura e sua ligação intensa com a arte e o urbanismo.
REPERCURSSÃO E HOMENAGENS
A morte precoce da jovem mobilizou instituições públicas, parlamentares e entidades estudantis. O PT divulgou nota lamentando “a partida de uma militante comprometida com a justiça social”. O CAU/MT também emitiu manifestação oficial. Universidades e grupos de pesquisa destacaram a sensibilidade e o impacto intelectual do trabalho de Larissa.
A mãe da jovem, muito abalada, publicou uma mensagem emocionada nas redes sociais, relembrando os planos que ambas tinham para o futuro e descrevendo a filha como “luz e força” na vida da família.
O corpo será velado na Igreja São José, em Campo Novo dos Parecis, e o sepultamento ocorrerá na manhã desta quarta-feira (19).
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